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domingo, 30 de maio de 2010

Entrevista com Luiz Carlos Reche

Jornalista de origem humilde, nascido na cidade de Lagoa Vermelha, interior do RS, Luiz Carlos Reche fez a alegria dos jovens estudantes de jornalismo da PUC-RS em entrevista coletiva organizada pelo professor Juremir Machado da Silva. De maneira leve e engraçada, Reche respondeu às mais variadas perguntas dos aprendizes. Revelou a sua história de vida sem nenhum pudor. Relatou o início de sua vitoriosa carreira como repórter esportivo de rádio, posição que ocupa ainda hoje apesar de ser o chefe do setor de esportes da rádio Guaíba. E ainda projetou o seu futuro como comunicador, dando sinais de que mudanças na sua carreira podem ocorrer em breve.

Grande parte dos entrevistadores aproveitou a oportunidade para saber um pouco mais sobre o assunto Copa do Mundo. Repórter esportivo há mais de 25 anos, Reche já fez cobertura jornalística em cinco Copas. Irá para a sua sexta participação agora em junho. E sobre essa edição do evento girou a maior parte da entrevista. “Estamos nos preparando muito. A Guaíba é a única rádio do RS que esteve em todas as Copas do Mundo”, disse o jornalista. Famoso por bater de frente com a concorrência, Reche fala sobre a sua relação com a RBS e a Rede Globo. “Eles é que têm medo de mim. Sou um polvo. É como se eu tivesse vários tentáculos os incomodando. Sou uma espécie de Guiñazú marcando território”, comenta. Reche garante que para se dar bem no jornalismo, o profissional tem de ser persistente e corajoso para enfrentar com esforço e dedicação as intempéries da profissão. “Chego às 06h30min ao treino da Seleção, mesmo que ele tenha início às 8 horas”, relevou o vencedor de cinco prêmios ARI. Como um torcedor, Reche vibra para que chegue o dia em que alguma emissora ultrapasse o poder da Rede Globo. Ele credita que a Record tem bala na agulha para atingir esse feito.

Luiz Carlos Reche deixou de lado por alguns instantes a sua imparcialidade profissional para dar a sua opinião sobre a Seleção do Dunga. Como de costume, Reche vai “contra a maré” ao elogiar o trabalho efetuado até então pelo capitão do Tetra. Para Reche, Dunga vem fazendo um excelente trabalho no comando técnico da equipe. Por isso, tem o seu apoio. Nem mesmo assim deixa de dar alguns pitacos: “Eu levaria o Ronaldinho e o Ganso. Eles entrariam no lugar de Kléberson e Ramires. Levaria o Ganso porque ele joga muito. É craque mesmo. Já o Ronaldinho deveria ir para calar de vez alguns críticos. Ele nem precisaria entrar em campo”. Fã confesso do futebol-arte, Reche não titubeou ao revelar qual a sua Seleção Brasileira favorita. “É a de 1982, apesar dela não ter vencido. Para começar, tinha um bom goleiro e os ótimos laterais Júnior e Leandro. Além disso, tinha os craques do meio para frente que todos conhecem”, disse com um olhar apaixonado. E completa ao falar porque não escolheu a Seleção campeã de 1970: “Essa tinha o Pelé, mas a zaga era muito ruim. O lateral Everaldo (que há época pertencia ao Grêmio) era apenas razoável”. A respeito da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, Reche se mostrou bastante otimista. “Não tem como sair errado. Por mais que no Brasil as coisas aconteçam de forma estranha, a FIFA faz muitas exigências. Eles são muito chatos para esse tipo de coisa mesmo”, comenta o colunista dominical do jornal O Correio do Povo.

Como não poderia deixar de ser, a vida e a carreira de Luiz Carlos Reche também foram alvo de perguntas dos estudantes de jornalismo. Antes mesmo de ingressar na faculdade, Reche já trabalhava. Durante muitos anos, vendeu pastéis ao lado de sua mãe e ainda trabalhou em um boliche. O gosto pelo rádio surgiu antes das aulas de jornalismo, apesar de ter havido um salto a partir delas. Ele já possuía experiências anteriores no assunto. “Fui orador na escola e na igreja. Foi na Famecos (unidade da PUC-RS em que se estuda Comunicação Social) onde recebi maior apoio para seguir a carreira de radialista. O incentivo dos professores foi essencial. Logo no início da faculdade, consegui uma vaga de estágio na Rádio Guaíba, como um rádio-escuta. Fui entrando no meio e gostei”, diz o sempre sorridente radialista.

Faz parte da vida de todo profissional da imprensa a ocorrência de mudanças e reviravoltas. Na vida profissional de Reche, isso ocorreu muitas vezes. E ele sempre foi capaz de lidar bem com essas situações. O comando das grandes corporações está nas mãos de diretores que, na maioria das vezes, nunca trabalharam numa redação de jornal. O mérito deles está na obtenção de lucros, sem se importar com os funcionários e com a qualidade de que o público tanto necessita. A Rádio Guaíba tem por tradição, desde que surgiu na década de 50, o zelo pela qualidade. Nos últimos tempos, esse caráter tem sido deixado de lado pela Rede Record, atual proprietária da emissora. Indagado se o espaço do futebol poderia sofrer mudanças dentro da Guaíba após a Copa do Mundo, Reche deixou-se levar pela emoção e, sem poder responder com exatidão à pergunta, deixou no ar a resposta ao dizer que não é ele quem decide, e sim os membros da diretoria. Mesmo sem preconizar o futuro do rádio-jornalismo esportivo na Guaíba, Reche sugere que haverá mudanças. “Acredito que ocorrerão algumas mudanças sim. E elas serão para o melhor da emissora e da empresa que a controla. É necessário entender o lado deles também”, comenta. Desde sempre, Reche soube resguardar a importância do futebol na programação da emissora em que trabalha há mais de 25 anos. Conquista diversos contratos publicitários que bancam o seu conteúdo predileto. Especulações de que a Guaíba venha a seguir uma programação de cunho popular não afetam o confiante Luiz Carlos Reche, que se diz tranqüilo quanto ao seu futuro profissional. “Além de ser jornalista, considero que é preciso entender um pouco de vendas. É assim que consigo o que eu quero. Hoje, tenho um programa televisivo de debates entre entendedores de futebol chamado Cadeira Cativa, com vários anúncios que pagam o programa. Além disso, evidentemente que tenho outros projetos em vista. Gosto muito de trabalhar na TV e talvez seja esse o meu caminho no futuro”, revela.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom. Ficamos conhecendo melhor esse grande jornalista esportivo. Parabéns pelo texto.

Anônimo disse...

Uma mancada deste "jornalista" foi quando afirmou que a primeira vez que andou no trem bala no Japão foi quando o Gremio foi disputar o título mundial de clubes, viajando de Tóquio à Yokahama para comentar o jogo.O JOGO FOI EM TÓQUIO, SEU RECHE.